Quando depois de uma noite em que nossas pernas se enlaçam, depois de uma noite em que meu coração bate no seu, seu pé esquenta o meu, é doação, é intenção, enquanto te sinto, te abraço e te beijo.
Depois de acordar e a primeira pessoa em que olho e sorrio ser você, depois de olhar para o céu amanhecendo pela janela e poder olhar com você esse céu do nosso ninho, quando sentimos a presença divina, quando dizer eu te amo se torna tão necessário pra mim, é como o transbordar das emoções.
E porque digo que te amo, quando vou explodir de emoção, é pra quem esse eu te amo?
– Você diz pra você enaltecer o seu ego?
– Você diz criando expectativa na resposta do outro?
Ora, se eu digo eu te amo é porque quem necessita ouvir sou eu, a expectativa é minha de ouvir uma cumplicidade naquele momento, o que impede de darmos ao outro que amamos aquilo que necessita e quando precisa? O que faz e pra quem faz bem um silêncio tórrido para reforçar as minhas fraquezas ao amar? É para enaltecer o que? O intuito era o mesmo…
E quando digo que te amo é como se o céu se abrisse e eu pudesse agradecer a correspondência, afinal não amamos sozinho, amamos sozinho somente a nós mesmos e disso pode ter certeza, se o eu te amo não tem eco, ou é só o eco, se não ecoa, se silencia, se não se importa, se a minha expectativa não pode ser atingida com apenas um gesto, um conforto, um frase, de que vale dividir, de que vale a cama desarrumada se as palavras não encontram conforto?
Escuto o silêncio que ainda ecoa no meu ouvido, escuto o meu eu te amo já tão sem sentido, tão sem graça, tão seguido de tristeza, constrangido sigo o dia tentando ecoar, ouvir como resposta a minha exclamação, a minha expectativa, a minha necessidade, vou tentando aprender que eu te amo, e é por mim:
– Eu te amo!
– Eu também te amo, meu amor, você sabe e são nas minhas atitudes.
(O silêncio ecoa, ec-oa ,ec-o-a, e-c-o-a)